segunda-feira, 14 de março de 2011

Escolha requer preparação

Leia, abaixo, a matéria sobre sucessão familiar, publicada na Revista Empresário, no mês de fevereiro. O texto conta com informações do consultor Júlio Cesar Vieira.

Para ler a matéria em PDF, basta clicar aqui.

Escolha requer Preparação

A sucessão familiar é uma questão crucial na maioria das empresas brasileiras, uma vez que é comum o desejo dos fundadores de que o empreendimento seja perpetuado por muitas gerações. O processo de sucessão familiar pode ser muito bem sucedido, se bem planejado assim que a segunda geração comece a se preparar para frequentar a universidade.

Para Diala Jaeger, filha do presidente da Vedax, Cleiton Jaeger, a escolha pela sucessão foi a decisão mais difícil da vida, pois sabia que ser filha do presidente não bastava para gerir a empresa. Ela conta que, aos 17 anos, assim que começou a cursar a faculdade de Administração de Empresas, na Furb, fez um mês de estágio em cada setor da Vedax para saber se era realmente a sucessão que queria para sua vida profissional.

Com várias opções de carreira e o apoio da família para incorporar a sucessora
ou seguir outro caminho, Diala optou por ficar no setor de compras da Vedax, área que precisava de mais recursos. “Quando surgiu a vaga de coordenação, tive que fazer outra grande escolha: ficar responsável pelas compras ou explorar o setor de vendas e marketing da empresa”, recorda. Ela escolheu a área comercial, mas não sem antes profissionalizar-se.

O curso de um ano em Gestão de Vendas e Marketing, feito no Esic Business
& Marketing School, de Barcelona, preparou Diala para liderar o setor. Por aqui, fez cursos de contabilidade por perceber que precisava melhorar a habilidade na área. Hoje, a sucessora é estafe da diretoria, faz a comunicação entre gestores e coordenadores, além de trabalhar estratégias de comércio com o diretor-comercial.

Por mais que a família da sucessora a tenha apoiado na escolha, ela conta que é inevitável sentir-se pressionada. “Sei que escolhi certo, já que trabalharia com administração de qualquer forma, mas é difícil diferenciar a vocação para os negócios da pressão familiar”, conta.

Diala está confortável no cargo que ocupa, contudo, a sucessora fez mais  que imaginava. O caminho percorrido até agora abriu passagem para as três irmãs e a prima que participam do mesmo programa criado por Diala, em busca do  lugar certo na empresa.

Entrave

Toda a preparação serve para evitar inúmeros problemas que possam surgir com a sucessão mal planejada. Para Diala, podem ocorrer fatalidades que façam o sucessor cair de paraquedas em um cargo de gestão. Neste caso, o melhor a fazer é envolver-se com a direção e com os assuntos referentes à empresa, uma vez que, segundo ela, a vantagem de ser da família é o acesso facilitado às informações.

Além da falta de preparação, outro problema é o preconceito dos demais colaboradores. Ela explica que o sucessor pode até estar preparado para gerir os negócios, porém, a diretoria pode não dar abertura para o novo integrante mostrar seu trabalho. “Não acontece aqui na Vedax, mas a falta de humildade do sucessor pode atrapalhar. As pessoas querem ocupar um cargo de liderança sem saber que os desafios são os mesmos para qualquer um”, acentua.

De acordo com Diala, o fato de trabalhar em contato com a família também pode ser complicado, pois é preciso saber separar as relações. “Se eu brigar com meu pai em casa, por exemplo, não pode transparecer aqui na empresa”, exemplifica.

Genética empresarial

Entre tantos cuidados que o sucessor deve tomar, Diala assinala uma vantagem considerável: o fato de crescer em uma família que vive o dia a dia da empresa faz com que o sucessor perpetue a essência do empreendimento. Ela afirma que certas coisas se perdem com a profissionalização, mas a tradição é mantida através da gestão de alguém que cresceu com a corporação.

A inserção no mundo dos negócios foi serena para Diala. Assim como fez a família, a sucessora fará com os filhos: nada de imposições ou cobranças. A sucessora garante que deixará a prole seguir o caminho que preferir.

Palavra de Especialista

O consultor Júlio Cesar Vieira explica que a diretoria precisa decidir quanto ao enfoque da sucessão: se será fundamentada na competência gerencial ou em laços sanguíneos. No caso da sequência familiar, a empresa deve escolher o sucessor mais capacitado, de quem se espera a ampliação da rentabilidade do negócio e não apenas o aumento de vendas ou de produção. “Crescer é tornar o negócio mais rico e não apenas maior”, salienta.

Para Vieira, é tabu acreditar que um administrador competente precisa ser externo. “Isso não é verdade. O que existe são escolhas mal feitas e a falta de preparação para assumir o desafio. A questão da preparação é válida para todos os casos, pois é muito difícil substituir o fundador, aquele que foi capaz de empreender e depois dar continuidade à empresa, mantê-la viva”, salienta.

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